domingo, 14 de março de 2010

®ótulos


Release

Partindo da idéia de que a qualificação das coisas e das pessoas são, hoje em dia, cada vez mais atribuídas em um nível superficial através de uma retórica marqueteira, a performance ®ótulos se utiliza da própria lógica da propaganda para construir um discurso estético-crítico permeado por palavra, som, imagem e movimento.

Poderemos descobrir o que há por traz dos rótulos sem ter que violar as embalagens?


Descrição conceitual Pormenorizada

Do útero materno para os primeiros rótulos: nome próprio, sobrenome, laços maternos e paternos. Somos um Silva, um Gomes, um Pinto, um Pereira. Possuímos uma linguagem própria de palavras articuladas, organizadas para estruturar um discurso dominante, representar nossos anseios. Já nascemos predestinados a instituições que moldam desejos. Participamos de um jogo de discursos que a vida aponta e evidencia em seus jogos de rivalidades, binariedades, regras de existência. Ocidentais, passamos pelo rótulo do Édipo e de seus complexos.

Somos institucionalizados desde vivos, inseridos numa sociedade contemporânea, capitalizada e globalizada, com seus signos, símbolos, estereótipos, limites e possibilidades! Cedo, aprendemos certos rótulos que moldam o universo social, que nos mantém inseridos num contexto padronizado, centralizado, tatuagens globalizantes que regem a história.

No bolso, RG, CPF, CNH, título eleitoral e o que for preciso para sustentar o rótulo de bom cidadão, enquadrado, defensor da moral e dos bons costumes. Nossas vestimentas, nossos carros, cigarros, geladeiras rotulam nossos estilos, modas, mídias vigentes, dando-nos a sensação de uma liberdade de escolha. Possuímos diversos rótulos que compramos a todo momento num intenso fluxo de produção/consumo. Colecionamos rótulos.

Superficializando a percepção, os rótulos, instituídos de sentidos imediatistas, são as alternativas que imperam frente ao desafio de refletir sobre as coisas, as pessoas e sobre si, fazendo reinar o discurso do consumo sem fim. E, como seria o rótulo do rótulo? Um meta-rótulo? Não é essa a questão. Mas a critica e a auto-critica podem transversalizar a superfície rotular para atingir um nível mais profundo das coisas e de si, desterritorializando as imediatisses para reterritorializar novas realidades.

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