terça-feira, 16 de março de 2010

Intervenção no Museu (vazio) de Arte da Pampulha - Belo Horizonte - 2010

O que você faria se passasse todas as suas férias de janeiro em Belo Horizonte? Se em um domingo ensolarado resolvesse levar a família para um passeio na Pampulha e se deparasse com o Museu de Arte com as portas abertas, funcionários, seguranças, mas absolutamente vazio por dentro? Se questionasse o porquê do Museu estar vazio e manter suas portas abertas e ouvisse como resposta que o espaço vazio está aberto para visitações de sua arquitetura? Se tentasse de alguma forma se divertir no local (afinal, tinha se deslocado para lá naquele domingo) e, ao encostar em uma das cortinas fosse reprimido pela segurança local? Se percebesse que os outros visitantes caminhassem pelo local e fotografassem poses e closes deles mesmos sem ao menos perceber a ausência de obras no Museu? Se soubesse que parte da verba pública destinada a cultura fosse para a manutenção do Museu, bem como para a aquisição de novas obras e projetos e viabilidade de novas exposições? Se trabalhasse com cultura e arte na cidade a duras penas por sentir que os espaços culturais estão cada vez mais compridos, reprimidos e ignorados?

A Intervenção no Museu (vazio) de Arte da Pampulha ocorreu no domingo subseqüente ao ocorrido, porém, desta vez, deslocamo-nos equipados com nossas munições e armas de guerra, preparados a lutar a favor de rupturas da monotonia instalada naquele espaço privilegiado, com sua arquitetura imponente, antes um Cacino de luxo, hoje um Museu de ar...(onde as noivas fazem o seu book e as famílias suas fotos para postar no orkut).

O Museu de Arte da Pampulha é considerado um dos pontos turísticos da cidade (que em véspera de Copa do Mundo tenta a todo custo se tornar referência cultural). É o único Museu da cidade que diz abrigar obras de arte contemporânea.Contemporânea? (aqui jaz)

Nossa intenção foi provocar, desetruturar, ameaçar...a princípio pela parte externa do Museu, nos seus entornos, e aos poucos adentrando no espaço vazio e nos instalando como "obra de arte", "paisagem ambulante" (ou mesmo como corpo político, em busca da ação própria de micropolíticas e máquinas de guerra, a maneira de Deleuze e Guattari).

Se ameaçamos a estrutura, se provocamos outros questionamentos? Talvez não. Talvez, naquele dia, fossemos mais uma paisagem a se fotografar e distrair os visitantes...
Mas, o importante é que não ficamos no sofá da sala ou nas mesas de boteco (que são muitas na cidade), discutindo sobre arte, filosofia e um Museu vazio. Fizemos o que tínhamos a fazer: naquele domingo ensolarado nos propiciamos a tencionar o espaço vazio do Museu com nossos corpos, ativando nossas micropolíticas, nossos desejos internos. Recusamo-nos a "engordar" nosso pensamento pela crítica (também vazia, ou até cheia demais) e colocamos a mão na "massa", cada um a sua maneira. Conseguimos no decorrer da semana, através de diálogos, parceiros para a ação. E, acima de tudo, divertimo-nos muito!


Nenhum comentário:

Postar um comentário